Conversavam de certa feita um alfaiate e uma costureira.
Falavam das nuances de sua profissão, das novas modas e tendências e de como
era difícil agradar os clientes.
O alfaiate dizia então que seus clientes quando o
procuravam, já tinham uma boa ideia do que queriam. Aceitavam sugestões de bom
grado, e de modo geral, eram facilmente atendidos.
Já a costureira comentava exatamente sobre o quanto era
difícil agradar as mulheres. Estas queriam sempre que suas roupas fossem de um
tamanho menor do que aquele que efetivamente usavam, reclamavam dos estilos,
dos tecidos, das cores da moda. A costureira que tinha um pouco de filósofa
também concluiu: mulher gosta que as coisas se ajustem a elas, mas elas próprias dificilmente se ajustam às
novas circunstancias. Quando algo novo entra em suas vidas, é necessário abrir
espaço para que este novo elemento receba sol e agua e possa assim crescer, do
contrario, acaba sufocado....
Como naquele velho poema de Fernando Pessoa: “Há um tempo em que é preciso abandonar as
roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos
caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e,
se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
Cezar F. microcontos de um cotidiano fugaz – junho 2012.
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