Ela estava amarrada. As cordas feriam seus braços e pernas, tudo doía, principalmente seu ego. O quarto era escuro, mas seus olhos já haviam se acostumado com a penumbra e assim, podia ver ao seu redor. Olhares de medo, assustada e acuada. Sempre que seu captor se aproximava, podia sentir sua presença, por menos ruído que ele fizesse. Algo sinistro vibrava em sua espinha, e depois, havia aquele nauseante cheiro agridoce que costuma impregnar pessoas más. Ao forçar as cordas que prendiam os pulsos, feriu-se e sangrou. Os soluços secos e as lágrimas idem, chamaram a atenção de seu algoz, que contrariado, aproximou-se com um pano úmido. Pôde então, pela primeira vez olhar seus olhos, por detrás da máscara. Eram olhos doces, quase ternos. Isso inquietou seu coração cativo e lhe trouxe ainda mais dissabores. O conflito era pior que a dilaceração física. Lembrou-se, então, da tal Síndrome de Estocolmo, e achou que estava enlouquecendo. Mas o pior estava por vir....O cheiro agridoce começou a ser tão necessário em sua mísera rotina quanto o ar que respirava. E o pior....
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